sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RIMAS FALSAS

Jacqueline Aisenman


Adoro as rimas falsas
que se instalam desesperadas
nos poemas sórdidos.
Ritos perdidos
esmeradas combinações
de escrita e fala.
Rimas que ensaiam
canto e dança
como bonequinhos
recortados de papel:
sem vida, marionetes
esquetes de situações
de tempestade e bonança
descombinando o
que deveriam, sensatamente
combinar.
Contando, sem explicações,
coisas que os sentimentos
se negariam a ser
e no entanto ali se esgueiram
e fazem reviver.
Transparência ou demência?
Rimas e suas falas
falsas rimas sem falas
nos versos bailando
palavras que calas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Jacqueline ao ler seus versos fui remetida, de imediato, a Mario Quintana, pois ele também buscava o inusitado no que estava ali, pertinho, mas tangível só para quem fica quieto, ouvindo o sopro dos querubins . Gostei desta "validação" das rimas falsas e para comentá-las trouxe Quintana porque desconfio que as rimas falsas são também "(...)pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...”
QUINTANA, Mário. "Os poemas" in
ESCONDERIJOS do TEMPO. Porto Alegre: L&PM,1980.

J. Machado disse...

Oi Jacque! Como falam suas palavras!
Não dá mesmo pra calar.
Abraços com versos soltos ou com rimas, mas, poéticos.